sexta-feira, 17 de julho de 2009

A língua de Eulália - Marcos Bagno


Algumas leituras são bem marcantes. Lembro-me que quando estava na faculdade de letras (que não cheguei a concluir) a disciplina de lingüística me chamou bastante atenção, principalmente quando questionava o fato de se considerar a norma culta (ou gramática normativa) como sendo “certa” enquanto as demais variações lingüísticas eram consideradas “erradas”.


Aí entra o poder de uma leitura. Mais do que os livros técnicos de lingüística o que mais me marcou nesse período e por conseqüência contribuiu para minha postura atual em relação a variação linguística foi a leitura do livro “A língua de Eulália: uma novela sociolingística” de Marcos Bagno.


No livro 3 estudantes universitárias visitam a tia de uma delas (professora de português e na verdade uma referência ao autor do livro) e conhecem uma empregada doméstica (que a professora considera mais como amiga) de nome Eulália e que fala um português diferente das meninas que o consideram como sendo errado.


Marcos Bagno mostra (através da personagem da professora) que não há certo e errado quando se trata de uma língua, que não é algo estático, mas está em constante evolução e o que hoje é considerado norma culta é diferente desse mesmo padrão em anos passados. O texto, muito agradável combate a discriminação àqueles que não seguem a gramática normativa e nos levam a refletir sobre outros tipos de preconceitos (já que o desconhecimento da norma culta costuma estar associado a questões econômicas e sócias).


Uma leitura obrigatória para quem trabalha com a área de educação e também para quem gostaria de encarar as diferenças lingüísticas no português sob um novo enfoque. É muito improvável ficar indiferente após a leitura desse livro.


Autor: Ibnéias Costa


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